Camonge
Raimundo Luiz Vieira, nasceu em Exu-PE, aos 20 de outubro de 1949. Filho dos agricultores Luiz José Vieira e Maria Santiago de Oliveira – Dona Conceição.
Raimundo era o primeiro dos oito filhos do casal: Maria, Jovita, Rosa, Lourdes, Francisco, José e João.
Pelas atitudes divertidas e respostas brincalhonas, adquiriu ainda na infância, no seio familiar, o apelido "Camonge" cujo qual foi conhecido por toda a vida. O apelido surgiu pela sua semelhança criativa com um personagem do imaginário popular que pela astúcia jamais se deixou vencer pela sabedoria do Rei que sempre procurava lhe surpreender com perguntas que para as quais não poderia existir respostas exatas, no entanto "Camonge" sempre se sobressaia. Acredita-se ainda que a palavra "Camonge" seja uma corruptela da palavra Camões, o maior poeta português.
Em 1967, aos 18 anos de idade, por decisão dos pais, a família chegou ao município de Araripe-CE, indo morar no Sítio Lagoa da Mata.
Dois anos mais tarde, a família de Camonge mudou-se para o Sítio Baixio dos Ramos – Araripe-CE, indo morar no terreno de Luiz Siebra, seu cunhado, casado em segundas núpcias Rosa Vieira, irmã de Camonge.
Camonge era o filho mais velho e por isso sempre trabalhou para ajudar no sustento da família. Seu pai, Luiz Vieira, sofria de problemas cardíacos, o que o fazia um homem frágil para os serviços grosseiros da roça.
Em 1974, conheceu Irene Siebra de Carvalho, neta de Luiz Siebra, residente no Sítio Baixio dos Ramos. Desde então iniciou um namoro que durou cinco anos, quando casaram-se em 30 de setembro de 1979.
Casado, a vida continuou no Sítio Baixio dos Ramos e ali nasceram oito filhos: Conceição, Rosilene Maria, Rosinalva, Francemilson, Edmilson (In Memorian) – morreu aos três anos de idade, Cícera, Marinalva e Isabel.
Em 1988, perde o filho Edmilson Vieira Siebra, vítima de Crupe, aos três anos de idade.
Mesmo na vida de agricultor, sempre mostrou certo dom para o comércio. Foi corretor de algodão no Sítio Baixio dos Ramos e quando decidiu-se por deixar a roça e procurar melhores condições para viver, passou a vender frutas e verduras no Mercado Público Municipal, na banca de propriedade de Cícero Benedito. Tempos depois, Cícero Benedito vendeu a banca de frutas para os irmãos Valmir (Caneta) e Canudo. Camonge continuou trabalhando na banca. Assim ficou até o dia em que comprou a banca de frutas e verduras dos dois irmãos e passou a gerenciar o próprio negócio.
Anos mais tarde conseguiu convencer seus irmãos, Francisco e José, a deixarem a roça e vender frutas também. Cada um com o próprio negócio.
A vida corrida entre o sítio aonde morava e o trabalho no centro da cidade, lhe fez perceber que deveria trazer esposa e filhos para morar na cidade. Foi quando fixou residência em uma das casas da Rua Maria Augusta Paiva – Araripe-CE, em 04 de janeiro de 1997. Na mesma rua, residiu em três casas diferentes, até comprar a casa própria na Rua Joaquim Paulino de Lima, Nº 109, em setembro de 1998; financiada pela Caixa Econômica Federal. Assim realizou-se o sonho da casa própria. No entanto os seus desejos só completariam quando comprasse o próprio transporte, tão necessário inclusive para suas viagens ao centro do Cariri para tratamento de saúde, sonho que se realizou em 2015.
A sua amizade, disponibilidade e habilidade no trato com as pessoas, o levou a ser pregoeiro dos leilões de Santo Antônio – Padroeiro de Araripe-CE.
Camonge tornou-se figura pública.
Todos os dias estava desde cedo no Mercado Público Municipal atendendo os seus clientes na venda de frutas e verduras, divertindo os comerciantes, colegas de trabalho e transeuntes, e fazendo os jogos de loteria com o grupo fechado de amigos que todos os dias lhe procurava. Assim aposentou-se aos 60 anos.
Após a sua aposentadoria, deixou a venda de frutas e verduras, mas não adaptou-se a nova rotina. Ainda no Mercado Público Municipal, e sentado na costumeira cadeira de balanços, passou a comprar e revender alumínio para reciclagem. Só deixou a cadeira de balanços quando a sua bicicleta o levou mais longe para vender os bilhetes do Kariri da Sorte CAP.
A queixa de problemas cardíacos sempre o acompanhou, já que herdara geneticamente do pai. Em 2012, aos 63 anos de idade, os seus problemas cardíacos se agravaram. Os médicos prescreveram um coração novo através de um transplante. Mas a vontade de viver era mais forte do que o seu coração velho. Retornou a sua casa e, muito embora com certas limitações médicas, resistiu por mais sete anos.
A sua saúde inspirava cuidados, mas nunca deixou de atender bem os amigos que o visitavam em sua casa ao lado de sua esposa e três filhas que ainda moravam consigo, já que os demais filhos moravam em outros estados: Conceição e Francemilson, em Mauá-SP; Rosinalva, em Salvador-BA; e Isabel, em Araripina-PE.
Em 2019, aos 69 anos de idade, a sua saúde agravou-se novamente e o levou a U.T.I. do Hospital do Coração – Barbalha-CE, mantendo-o internado por 32 dias. Foi vencido por uma Insuficiência Cardíaca, conforme laudo médico, em 17 de março de 2019. Deixa viúva dona Irene Siebra, e órfãos os seus sete filhos, além dos tristes e chorosos Francisco, José e Loudes; irmãos mais novos que Camonge ajudou a criar junto ao seu pai.