Antônio Pedro

Agricultura – Embora a agricultura não fosse uma atividade que ele exercia com tanto afinco, seus plantios eram feitos baseados nas técnicas agrícolas que indicavam o melhor aproveitamento do solo e maior produção, com o mínimo de degradação do terreno e por isso mesmo suas lavouras eram diferenciadas, produziam com fartura, tanto que ele só fazia a primeira colheita, normalmente a segunda colheita ele dava para aquelas famílias mais desprovidas abastecerem as suas dispensas, venderem, ou trocarem por outros bens de extrema necessidade. Criador – Era um criador zeloso com os rebanhos, gostava de investir em reprodutores de boa genética, visando a melhoria racial de seus plantéis e não deixava faltar medicamentos para o seu rebanho e da vizinhança. Domador – Era um adestrador que tinha muita prática no domínio dos animais. Sua maneira de domesticar tinha uma linguagem facilmente entendida por eles. Na montaria era respeitado e reconhecido na região como o montador nº 1. Nunca se registrou uma queda de um animal por mais que ele saltasse. Nas suas montarias de desbravamentos atraia os curiosos de todas as partes; muita gente vibrava vendo a sua firmeza no lombo do animal, mas também tinha aqueles que queriam mesmo era vê-lo no chão e torciam que o animal o derrubasse, após o animal se dar por vencido, ele descia e ia acariciar aquele seu parceiro de espetáculo, consolando com carisma e ao mesmo tempo impondo a superioridade como quem quisesse mostrar ao animal quem era quem, ou seja, quem mandava e quem tinha que obedecer. Vaqueiro – Como vaqueiro sempre se preocupava com a sua segurança. Além de muito cuidadoso com os animais de campo e os arreios, era também muito precavido e não saia de casa para enfrentar qualquer labuta sem antes se preparar espiritualmente. Conduzia sempre o seu amuleto de proteção. E sua última carreira atrás de boi se deu ainda nos anos 60, na sacada do Aprasil, no final de sua propriedade, onde hoje é o Assentamento de Lagoa Bonita, "posteriormente falarei como foi o desfecho dessa corrida" Artesão – O artesanato era uma atividade que ele se realizava, pois além de exercer no seu abrigo residencial, era como uma terapia. E sua mente criativa fantasiava uma diversidade de invenções: Fazia cordas e arreador do rabo do gado que ele aparava cuidadosamente antes da solta da invernada. Do coro cru fazia cordas de laçar, malas, cadeiras etc. Do coro curtido (sola), fazia chapéus, gibão, perneiras, peitoral, botas, cabeçadas, celas, chicotes, alforges, caretas, surrões e suas obras eram conhecidas pelo capricho dos acabamentos. Carteiro – Foi praticamente um correio ambulante. Com a intenção de facilitar as comunicações entre os familiares residentes em outras regiões e principalmente jovens que se aventuravam procurando melhores condições de vida nos grandes centros comerciais do pais. Ele não media esforços para agilizar todas as correspondências e tornou-se uma espécie de carteiro fazendo a ponte entre os remetentes e os destinatários. Eram tantas correspondências a seus cuidados que ele alugou a caixa postal 33 do correio, para ser exclusividade das correspondências que chegavam a seus cuidados. Seus bolsos e pastas eram repletos de cartas e telegramas, que aquele vereador andarilho conduzia diariamente entregando nas casas. E para dirimir quaisquer dúvidas dos que não sabiam ler, ele lia e já aproveitava para redigir a resposta e levar de volta ao correio. Era uma prestação de serviço que ele fazia pelo prazer de servir a comunidade, cuja grande recompensa era ver o semblante de felicidade das pessoas quando recebiam boas notícias. Esse simples gesto que ele fazia com tanta dedicação era de uma utilidade indescritível. Religião – Católico praticante, tanto gostava de assistir a missa, como convidava as pessoas para participar. Quando não havia missa aos domingos ele fazia a celebração, fazia comentários sobre as passagens bíblicas. Sempre professava a sua fé e tinha uma grande credibilidade perante o povo. Quando as criancinhas nasciam com problema de saúde, muitas vezes ele era chamada para batizar e ainda hoje tem gente que agradece e diz que escapou por ter sido batizado por ele. Politica – A obstinação para fazer algo em benefício da comunidade o fez vislumbrar na política o meio de acessibilidade ao poder, como um legitimo representante do povo, se tornando assim um verdadeiro escravo de suas convicções. Seu objetivo era lutar pela melhoria de vida da comunidade de Carmelópolis e o desenvolvimento do Distrito. Gostava tanto de fazer favores que se tornou um verdadeiro correio ambulante e vibrava quando via as pessoas galgando uma melhor posição social. Não tinha inveja de ninguém, nem ambição, e era capaz de servir de escada para ver os outros subirem na vida. E isso nos faz acreditar que a bondade, é um medicamento sem contra indicação e é como um idioma universal que os surdos ouvem, os cegos veem, não importa a nacionalidade, a cor, crença ou status social. Após entrar na política, abdicou das outras funções para cuidar dessa massa melindrosa recheado de ingredientes polêmicos chamada povo. Exercendo a mais ingrata entre todas as funções, ou até exercendo a incrível arte de empobrecer feliz, ajudando as pessoas, se desfazendo do seu patrimônio material, como uma missão do destino. Numa época em que não existia remuneração para vereador. Esse tipo de parlamentar era apenas a pessoa da linha de frente, um representante da comunidade, o agente público que servia muito mais como um para-choque que recebia as "bordoadas" da política, enquanto os políticos das instâncias superiores, recebiam os votos cuados nas urnas, e as vezes não apareciam mais nem para agradecer, enquanto as cobranças, os assédios e todo tipo de demandas ficava na responsabilidade do vereador que nunca tinha o reconhecimento devido. Era a arte de engolir "sapos" sem demostrar qualquer dessabor. Foram 28 anos de militância política deixando de cuidar do que era seu, para cuidar dos problemas dos outros. Mas apesar de tudo, nunca deixou de ser um pai presente, amigo, conselheiro e esposo fiel. Seus conselhos eram normalmente precedidos de uma parábola, em que a gente se via como personagem, e entendia que era melhor aprender com os erros dos outros do que com os próprios erros. Talvez por isso a família sempre entendia as razões que o motivaram a agir com o coração. Possivelmente acreditando que era mais uma de suas lições de sabedoria; confiando na sua mente dinâmica e na criatividade humana de aproveitar o tempo na aquisição de luz enquanto era dia. Durante essas sete (7) legislaturas, exerceu as funções de: presidente da câmera por duas (2) vezes, tendo também ocupado cargos de secretário, tesoureiro entre outros. Foi um político esmerilhado na arte de servir. Gostava de dar conselhos, mas o seu forte mesmo era dar o exemplo.

Academia de Letras do Brasil Seccional Regional Araripe-CE
Desenvolvido por Webnode Cookies
Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora